Autodidacta,
marginal ao circuito das artes, desconcertante,
João Cristovão de 50 anos, escapa
ao perfil convencional do pintor. Considerando-se antes de mais um artesão, o
seu discurso tímido parece desconhecer as coordenadas do seu próprio universo
que se recusa a formalizar, a não ser em breves e hesitantes traços. E no
entanto as suas telas rodeiam-nos no luxo exuberante de uma linguagem
eminentemente plástica, onde não por acaso as formas, as linhas, as cores e os
espaços, parecem, como é característico da modernidade, deter uma autonomia bem
marcada em relação ao real, de onde emergem.
Maria
João Fernandes